domingo, março 25

Alice no País das Maravilhas

Capítulo VI - Porco e Pimenta

(...) "'Gatinho de Cheshire' começou um pouco tímida, pois não sabia se ele gostaria do nome, mas ele abriu ainda mais o sorriso. 'Vamos, parece ter gostado até agora', pensou Alice, e continou. 'Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?'
        'Isso depende bastante de onde você quer chegar', disse o Gato.
        'O lugar não me importa muito...', disse Alice.
        'Então não importa que caminho você vai tomar', disse o Gato.
        '... Desde que eu chegue em algum lugar', acrescentou Alice em forma de explicação.
        'Oh, você vai certamente chegar a algum lugar', disse o Gato, 'se caminhar bastante.'
        Alice sentiu que não havia como negar essa verdade, por isso tentou outra pergunta. 'Que tipo de pessoas vivem por aqui?'
        'Nesta direção', disse o Gato, girando a pata direita, 'mora um Chapeleiro. E nesta direção', apontando com a pata esquerda, 'mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser, são ambos loucos.'
        'Mas eu não ando com loucos', observou Alice.
        'Oh, você não tem como evitar', disse o Gato, 'somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.'
        'Como é que sabe que eu sou louca?', disse Alice.
        'Você deve ser', disse o Gato, 'senão não teria vindo pra cá.'"
        (...)



Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas, 1865

segunda-feira, março 12

No Sermão que Pregou na Madre de Deus D. João Franco de Oliveira, Pondera o Poeta a Fragilidade Humana

Na oração que desaterra.........................................aterra
Quer Deus, que, a quem está o cuidado.................dado
Pregue, que a vida é emprestado............................estado
Mistérios mil, que desenterra.................................enterra.

Quem não cuida de sí, que é terra..........................erra
Que o alto Rei por afamado...................................amado,
E quem lhe assiste ao desvelado............................lado
Da morte ao ar não desaferra.................................aferra.

Quem do mundo a mortal loucura.........................cura,
A vontade de Deus sagrada...................................agrada,
Firmar-lhe a vida em atadura................................dura.

Ó voz zelosa, que dobrada....................................brada,
Ja sei, que a flor da formosura..............................usura
Será no fim desta jornada......................................nada.


Gregório de Matos Guerra - O Boca do Inferno
Clássicos da Poesia Brasileira - O Barroco