terça-feira, setembro 18

Ele queria escrever um conto de terror,
Mas não sabia como começar.
Pensando melhor, devo supor,
Nem sabia como assustar.

Matheus I. Mazzochi

segunda-feira, setembro 3

Ele vivia escrevendo.

   Ele vivia escrevendo. Não interessava a hora, não interessava o dia: ele vivia escrevendo. Se chovia, ele escrevia sobre a beleza e a maravilha de escrever ao som do pingolejar das gotas d'água nas folhas, no chão, nos aparelhos de ar-condicionado; Se fazia sol, ele adorava escrever ao som do cântico dos pássaros nas árvores, sobre o azul do céu infinito e sobre as cortinas de luz que entravam em seu quarto pela janela semi aberta.
   Seja em seu computador, seja em seu caderno preto dado pela sua namorada exatamente para isso, seja nas últimas folhas de seu caderno universitário que deveriam conter as várias teorias de vislumbre humano, ele escrevia e rabiscava algo. Muitos dos rabiscos nem saíam de sua mente. Dos que saíam, poucos ele mantinha vivos. E mesmo depois de salvar na pasta, mesmo depois de escrever o "OK" ao lado do verso, mesmo depois de publicá-lo em seu Blog, ele mantinha aquele pensamento de que poderia ter saído melhor....e não saía. Mesmo com os elogios, mesmo com a consciência limpa, mesmo com a vontade, naquele momento, sanada, ele vivia pensando que poderia fazer melhor. Melhor pra quê? Melhor pra quem? Pra ele, deus! Ele vivia escrevendo e não se contentava com aquilo. Buscava inspiração em novas obras, em antigas obras, em novos gêneros, em novas técnicas, em tudo! Chegou ao ponto de pensar em escrever sobre a inêrcia de sua rua num Domingo chuvoso. Nunca saiu de sua mente, não achava bom o bastante...
   Ele vivia pensando em escrever, pois o pensar era algo que o mantinha vivo e a escrita o fazia pensar. Cada imaginação nova, cada "e se eu fizer assim?" era uma nova respiração, um novo prato de comida para a alma!
   Ele vivia escrevendo, porque o escrever é criar algo e criar algo é se tornar criador e se tornar criador é se tornar um deus.

Matheus I. Mazzochi