segunda-feira, dezembro 2

Curto e Grosso como Coice de Porco

Desde guri moço que andava por aí,
Aprendi.
Escutando uma trova aqui...
Outra ali...
Que a vida é uma coisa de louco!
E que o tempo que temos
É muito pouco.

Andava mais enrolado que namoro de cobra
E ficava mais faceiro que genro em velório de sogra.
Quando tudo se resolvia,
Eu saia.
E bebia.
Fumava um palheiro, tomava um traguito.
Às vezes, junto; às vezes, solito.

Adorava um fandango...
E quando tinha mulher, dançava era tango!
De tango em tango, me apelidaram de malandro.
Vê se pode!
Malandro é o gato que já nasceu com bigode!
E tenho dito: mulher ciumenta, nem o diabo aguenta,
Mas se o homem é sem vergonha, só o relho lhe endireita.

Aí eu fiquei mais velho que andar pra frente.
É, vivente...
Mais encolhido e retorcido que bago de touro na brasa.
Mais encalhado que barco em água rasa.
Mais sério que criança cagada.
Aí eu vi que mais vale o pouco do que nada.
E que nunca tive tudo de mão beijada.

Agora, olhando pra trás, não me arrependo, não.
Sovo meu mate, meu amargo, meu chimarrão
E reflito com os meus “botão”:
Amei e fui amado, fui poeta e, por que não?,
Vivi muitos momentos como um baita mangolão.
E sem boina e de alpargata nas “mão”
(Pois dizem ser o solo sagrado, então...)
Adentrarei ao piquete Eterno
(Depois de dar uma visitada ao Inferno) 
E perguntarei:
“ Qual é a finalidade de tudo isso, meu Patrão?”

E talvez ele me responda.

Talvez, não.

Matheus I. Mazzochi