- Tu acreditas que o mundo vai acabar em 2012?
- Ah, nem vem... Não me diz que tu também és daqueles malucos místicos e supersticiosos.
- É que sempre tão falando nisso e eu fico pensando: Bah! E se realmente acontecer?
-“... E se realmente acontecer?”. Não vai acontecer, cara.
- Como tu sabes?
- Não faz sentido, meu. Tão se baseando em cima de um calendário Maia. Em cima de um calendário de uma civilização que nem existe mais.
- Eles existem... só que estão pedindo esmolas nas ruas da América Central.
- Então! Vamos acreditar em mendigos?
- Não é esse o ponto...
- Eu não acredito em fim do mundo.
- Tem uma frase: “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!”.
- Mesmo assim...
- É incrível pensar que uma civilização sem nenhuma eletricidade e ciência moderna conseguia adivinhar o que acontecia no mundo.
- Isso é mito.
- Eles, de tanto admirar e estudar os céus e os astros, conseguiram prever equinócios, eclipses, tudo!
- Faziam isso para os rituais sangrentos deles.
- Não eram rituais sangrentos.
- Não... Hoje arrancamos corações das outras pessoas e servimos aos deuses em troca de bênção. É tri normal. Dizem que será o tema da nova novela das oito.
- Era a crença deles.
- Uma crença sangrenta.
- De qualquer forma, essa crença e esse conhecimento os deixaram mais próximos da Natureza do que nós hoje.
- Eu prefiro continuar com meu coração no lugar.
- De nada adianta tê-lo em seu lugar sem saber usa-lo.
- Ele bombeia bem.
- Sabia que eles construíram um templo em nome do deus deles que até hoje é um mistério para nós como eles o fizeram?
- Ta bem bom esse mate, quer o próximo?
- Quero.
- Cuidado que ta meio quente.
- Ou meio frio.
- Não começa...
- Enfim, o Templo de Kukulcán é um mistério para quem o conhece. Dizem que nos equinócios e solstícios, pela luz do amanhecer e do pôr-do-sol, à medida que o Sol vai se movimentando, podemos notar que as sombras das grandes esculturas de serpentes também se movimentam. Esse jogo de luz e sombra torna um efeito visual incrível! Vemos cobras de sombras se movendo dentro e fora do templo!Uma civilização que tinha essa sensibilidade deve ser reconhecida.
- Sensibilidade em arrancar corações...
- Também dizem que se tu olhar o templo de cima, pode notar que, dependendo da posição do Sol, o jogo de luz e sombra forma várias pirâmides. E sabe o mais incrível?
- Não.
- Pirâmides matematicamente perfeitas e idênticas àquela que forma o próprio Templo!
- Ah-vá!?
- E tem mais.
- Hm.
- O Templo de Kukulcán foi feito em homenagem ao deus Quetzalcóatl.
- Qual deus?
- Quetzalcóatl.
- Quero ver soletrar de trás pra frente.
- Esse deus é representado pela ave Quetzal, que tem um canto bem pecu...
- Peraí.
- Diga.
- O Templo não era de Kukulcán?
- Sim. É.
- Então porque foi feito em homenagem a outro deus?
- Kukulcán e Quetzalcóatl, dizem, são os mesmos. Muda só pela questão dos antigos povos daquela região que deram origem aos Maias.
- Não faz sentido.
- Claro que faz! Um povo acaba pegando um pouco da cultura do povo que ele dominou. Aí, um decidiu construir o templo em homenagem ao seu deus que era o mesmo do antigo povo, só mudava o nome.
- Ta muito confuso isso, mas tudo bem...Depois me falam do tal calendário...Continua.
- Enfim, esse canto é peculiar.
- Que canto? Da pirâmide?
- Não, do Quetzal.
- Ah...
- Esse canto é bem peculiar. Dizem que se tu fica na entrada norte-nordeste do templo e bate palmas, ocasionará um efeito acústico que será idêntico ao canto do Quetzal.
- Como sabem que é idêntico?
- Levaram cientistas para testar.
- Foram espertos. E aí?
- Aí que, acusticamente, comparando a gravação do canto do pássaro com o som causado, são idênticos.
- Sério?
- Sério.
- Bem...
- Viu que incrível?
-... Eu não acredito em fim do mundo e esse chimarrão não é microfone, eu já te falei.
Matheus I. Mazzochi
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