Era um templo feito de gelo. Paredes longas erguendo-se aos
céus de maneira majestosa e infinita como a esperança humana.
Símbolos, muitos símbolos. Tantos quanto pode a imaginação
imaginar.
Uma suave penumbra azulada era gerada pelo altar no fundo do
templo.
Festa. Tinham pessoas lá, alegres, bebendo, rindo e fazendo
amor. Um porão da existência humana liberto da repressão que existia na sala de
estar.
Eis que, em meio ao bacanal, abre-se a porta marrom e uma
sombra diabólica é vista. Tão grande quanto, sua sombra no chão impõe-se como
se estivesse querendo pegar nossos pés e nos derrubar. Levanta algo parecido
como um cajado e começa a cantarolar uma música de linguagem desconhecida. De
seu cajado, labaredas começam a sair gerando um círculo que queima todo o
ambiente. O gelo torna-se menos denso (invisível) e pode-se olhar que há terra
no lado de fora como se estivéssemos enterrados dentro dele. Todos começam a
correr e alguns até a se transformar em criaturas horripilantes, gárgulas e
demônios. Em meio à multidão, corro e escuto o misterioso ser a falar seus
decretos:
1-
Nunca prometa algo a alguém
2-
Não falseie uma verdade
3-
Mude a si mesmo antes de querer mudar o mundo
4-
Que toda a promiscuidade seja transformada em pó
por quem lhe é de direito
5-
Amor sob Vontade
6-
Não mate
7-
Que a purificação se concluía diante daqueles
que estão sob minha proteção
Num átimo, saltei pela cortina de fogo que se formou na
porta, buscando a saída. Quando caí no chão ajoelhado, vi que havia uma porta
medieval fechada de onde eu saí e que diante de mim estava o estranho ser.
Pés descalços, roupão cinza estilo filósofo grego, barba
grisalha gigante e olhos pequenos repleto de olheiras. Rugas, muitas rugas
havia em seu rosto, como se o vento frio lhe tivesse cortado a pele e feito sua
marca nele. Empunhava um cajado de carvalho que tinha 2/3 a mais de altura que
ele. Em seu ombro esquerdo, havia um corvo preto azulado.
- Quem és tu? – perguntei de joelhos.
E assim ele respondeu:
- Meu nome é Moisés, mas, em todo caso, o escravo não é
gerado pelo lucro ideal.
Matheus I. Mazzochi
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