quarta-feira, abril 25

Yo No Creo en Brujas Pero que Las Hay...

   Foi apenas um final de semana chuvoso. E foi nele que algo estranho aconteceu. Sabem quando a rotina fica a mesma e que prever a rotina já faz parte da rotina? Em momentos assim, acreditem, as coisas podem mudar.
   Como começamos, foi apenas em um final de semana chuvoso de um dia qualquer, em um ano qualquer, que aconteceu algo paranormal em um lugar qualquer. Era um prédio de mais de cem anos que tinha três andares: no primeiro, havia a sala de recepção na frente com a cozinha atrás após um longo corredor; no segundo, havia um salão para reuniões formais; e no terceiro, havia uma bela sala que expunha obras de artes (havia muitas pinturas nela). Eram esses os três andares do prédio.
   Estava chovendo muito, porém não tanto para fazer com que as árvores se curvassem perante a onipotência das nuvens cinzas da tempestade.
   Um grupo de homens havia se encontrado na sala de reuniões do segundo andar e exerciam nela os seus deveres. O barulho das portas batendo pelo vento mostrava que uma grande tempestade poderia se formar. Decidiram, então, agilizar suas tarefas para, o quanto antes, voltarem para suas casas. Até que os barulhos de portas batendo começaram a incomodar e a ficarem perceptíveis no campo sensorial. Decidiram sair do salão para fechar todas elas ou para ver se alguém entrara no prédio (um ladrão, por exemplo).Entretanto, todos não poderiam sair da sala sem terminar suas tarefas. Era assim que funcionava. Um levantou-se e decidiu averiguar em nome de todos. Houve consenso.
   - Fulano, venha comigo, por favor. - o forasteiro pedira.
   Os dois rapazes saíram da sala para averiguar o que estava acontecendo no prédio vazio. Subiram ao terceiro e mais belo andar do prédio. Na escada, decidiram parar, pois escutaram passos.
   - Escutou isso? - perguntara o segundo.
   - São passos.
   - Tem mais alguém aqui no prédio?
   O que eles escutaram, foram passos ecoados. Como se terminassem de caminhar e ainda continuasse o som a se propagar. Quando cessou, continuaram a subir as escadas até o terceiro andar e viram que a porta do salão de artes estava fechada. Uma linha de luz saía por baixo da porta.
   - Deve ter gente aí.
   - Estranho, não nos avisaram de nada.
   - Bate e vê. - sugeriu ele.
   Bateram na porta. Nada.
   - Que estranho.
   Bateram mais uma vez. Nada.
   Um deles olhou na fechadura da porta. Vira a sala vazia, porém toda iluminada. Decidiram entrar. Abriram a porta e entraram.
   De fato, não havia ninguém na sala. Todas as luzes estavam acessas. Apagaram elas e decidiram descer as escadas até o primeiro andar.
   - Alguém deve ter se confundido e vindo pra cá sem saber que estaríamos no segundo andar. - teorizou um.
   - Pode ser. Vamos perguntar pra eles.
   No caminho para o primeiro andar, voltaram a ouvir barulhos de portas batendo com força, mas todas estavam fechadas...
   Chegando no primeiro andar, eles foram direto para a cozinha, onde não havia nada de estranho lá. Dali, seguiram pelo longo corredor até chegar no salão de recepção. A porta do salão estava entre aberta com um feixe de luz saindo dela. Acharam estranho, pois ninguém ficava ali, ainda mais quando só o grupo deles estava no prédio. Os dois rapazes se olharam e decidiram entrar na sala. Abriram a porta e viram, novamente, todas as luzes acessas sem nenhum presente.
   - Que estranho. - suspirou um.
   - Vamos subir pro segundo andar e falar com os outros.
   Decidido isso, subiram ao segundo andar para voltar e contar as novidades. Quando deixaram a sala com as luzes já apagadas, escutaram barulhos ritmados de metais se batendo. Como se fosse goteira de metal. Deixaram estar e continuaram a subir as escadas até o segundo andar.
   Chegando no segundo andar, antes de voltarem a entrar na sala, notaram que o corredor das escadas que levava para o terceiro andar estava iluminado. Mas as luzes haviam sido apagadas. Foram até eles e não encontraram ninguém lá. Apagaram as luzes e decidiram voltar à sala de reuniões.
   Na sala de reuniões:
   - E então? - um perguntou.
   - Não tinha ninguém. Fechamos as janelas e todas as portas.
   - Ótimo.
   - Alguns dos senhores foram lá pro terceiro andar? - um perguntou.
   Os oito homens que ficaram na sala se olharam. Um respondeu:
   - Eu afirmo ter sido o último, pois fui eu quem apagou as luzes em função de temer que a goteira pudesse gerar um curto-circuito.
   - E fechou a porta? - perguntou outro.
   - Claro. Sabia que ela ia bater se a deixasse aberta. Por quê?
   Não responderam.
   - E alguém foi ao primeiro andar na sala de recepção?
   Agora, a pergunta fora estranha. Ninguém ia naquela sala há meses. Trocaram olhares e responderam baixos "nãos".
   - Então esqueçam...
   A reunião seguiu-se tranquilamente, quando, no final dela, ao saírem, os dez homens notaram que todas as luzes do prédio estavam acessas e que ninguém havia entrado ou saído, pois a gigantesca porta de ferro não havia sido destrancada desde o início do dia. Todas as janelas estavam fechadas e as poucas portas que tinham, foram fechadas à chave. Os barulhos de portas batendo continuaram. Após apagarem todas as luzes, novamente, saíram do prédio e um deles afirma ter ouvido um sussurro na saída.

Foi apenas um final de semana chuvoso de um dia qualquer, em um ano qualquer, que aconteceu algo paranormal em um lugar qualquer.

Matheus I. Mazzochi

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