O estranho ainda não abrira os olhos. Deveria estar com muito frio ou não queria que a fumaça quente entrasse neles. Após os primeiros goles, alma quente e peito aquecido, o estranho agradecera a gentileza e dissera vir de muito longe para falar com ele.
Surpresa.
O anfitrião perguntara o motivo. O estranho homem tomou um gole do chá como se não estivesse ouvido. Calmamente descansou a xícara e pressionou seus lábios, lambendo o que restara do chá.
- Sou discípulo de um respeitoso mestre Kung Fu à procura de uma pessoa boa o bastante.
A-há! Então ele era chinês! Por isso não abria os olhos! Pensou ele sem demonstrar sua fútil preocupação.
-
Passei por portas que jamais conseguiria calcular quantas de tantas que foram, mas
apenas uma deu-me abrigo.
Mal
sabia o china que ele abrira a porta para reclamar das batidas, pois o haviam acordado do sono gostoso que só existe quando chove.
-
Meus agradecimentos. – levemente elevou a xícara de chá, como se fosse fazer um
brinde à atitude do rapaz.
Ele
sorriu um sorriso amarelo.
O
chinês terminou de tomar o chá e perguntou se o rapaz gostaria de embarcar em
uma viagem que mudaria sua vida. Ele achou uma boa, visto que estava tudo na
mesma merda. O china quase abriu um de seus olhos.
-
Então eu vou lhe contar o que deverás fazer.
E
como se todo o peso do mundo caísse sobre seus ombros, ele olhara por cima dos
ombros do chinês para a cama que estava atrás e pensara que aquele fora o
último cochilo monótono de sua vida.
Matheus I. Mazzochi
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