sábado, junho 1

Mais Histórias do Bar do Brasil

Dois meninos adentram no bar. Olham fascinados para o balcão cheio de bebidas coloridas e de todos os tamanhos. Esperam Brasil chegar e olhar para eles perguntando o que querem:
- Quanto é a dose?- um deles pergunta.
- De quê?- responde Brasil
- Johnny Walker.
- Dez reais.
- E do José Cuervo?
- Dez reais.
Os rapazes se olham.
- Qual é o tamanho da dose?- pergunta o rapaz.
O dono do bar broxa. "Qual o tamanho da dose", eles perguntaram. Nem sabiam o que estavam pedindo. Sem mover um músculo, Brasil olha penetrantemente para eles. Segundos se passam até ele puxar um copo. Põe na mesa. Mostra para eles em ar de desafio.
 - Tá.- diz o garoto- Me vê o José Cuervo.
 - Mostra o documento - diz.
O guri tira do bolso a identidade com uma foto de bebê de regata branca. Brasil olha e começa a gargalhar.
 - Ah, não! (curva-se de tanto rir) Olha isso aqui! - diz mostrando para mim, que assistia a tudo na mesa ao lado.
 - Tá me tirando, cara? - intimida o piá.
Ainda se rindo, o barman diz:
 - Não,não. Tá certo. Eu vou te dar o teu José Cuervo - e enche o copo encarando o rapaz - Taí!
O rapaz paga. Fica encarando o copo com ar de ansiedade com um pouco de medo. Parecia o guri que encara o seu amor em sua primeira noite. Olha inseguro para o amigo:
 - Tem que virar, meu - ele diz.
 - Tu não pagou para olhar,cara - desafiei.
O pobre menino beberica. Faz careta. Seus nervos elevam-se na testa. Depois de 6 goles, ele termina e sai. O bar todo espera ele sair e começam a rir.
 - Vou começar a vender pirulito! - grita rindo Brasil detrás do balcão - Acabou de perder a virgindade!
Muitos risos. Na televisão, ao lado da bandeira pendurada do Rio Grande do Sul, o deus Eric Clapton continua tocando para a alegria de todos os fieis, reunidos na véspera do feriado, fazendo as suas libações aos seus deuses: mortais que provaram ser possível o ser humano atingir a imortalidade e a plenitude sublime.

Matheus I. Mazzochi

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