terça-feira, março 26

Histórias do Bar do Brasil


Meu templo
Dos meus deuses.
Pessoas alegres e sorridentes.
Cumprimentam desconhecidos.
Apertam suas mãos, sorriem para eles.
Minha religião.

Quem pergunta curioso, eu respondo:
“Vai lá no templo ovacionar os deuses!”
E vão.
Adoram.
Ajoelham-se e batem palmas.
Fazem os festins e dão as oferendas.
The Who, Led Zeppelin, The Doors e tantos outros.

Não é um bar, é um templo.
Aonde vamos como fieis, aonde vamos como crentes.
Rezar nossas missas, pagamos nossas contas, bebemos nossas bebidas.
Conversas, risos, reflexões e meditações.
Nossos deuses tocam suas guitarras como se fossem suas almas.
Tocam suas gaitas como se estivessem amando suas mulheres.
Deliram, transcendem, atingem o ápice.
Um mero mortal não poderá nunca poderá chegar ao Olimpo.

Aquiles entre os homens é honra, glória e prova
De que Deus ama os mortais.
De que Deus os quer felizes.
De que Deus fez a cerveja e o Bar.
Templo dos boêmios.

Templo dos que buscam o caminho da glória e da revelação.
Piadas, cerveja por conta da casa.
A casa paga.
“Não,não...Se não tem dinheiro não esquenta. Tu é um dos fundadores.”
Diz o mestre de cerimônias da ritualística cervejeira.
Respeito e Reconhecimento.
O homem na tela toca a alma e proclama a imortalidade dos deuses.
The Who, Led Zeppelin, The Doors e tantos outros.

Tocam nossas almas. Atingem pontos e acordes nunca antes imagináveis pelos mortais desse mundo.
A vida revela-se num instante como num sopro.
Sou fiel. Sou adorador. Sou eu.
Ninguém pode negar tal fato.
Todos olham e admiram as músicas, os sons, os gritos e as frases.
“Vou torturar vocês” – diz o dono do bar.
Coloca Doors, depois Zeppelin, depois Chuck Berry.
“Meu Deus, és tão poderoso assim?”

Faltam palavras, faltam emoções para exemplificar tal sentimento.
O bar nada mais é do que o Templo dos boêmios.
Júpiter, todo poderoso, o amontoador de nuvens, supremo júri do Universo
Permite-nos cair nas cantigas dos antigos, dos 60, 70 e 80.
“Ele nasceu nos 90, não sabe o que perdeu!”
“Nasci na época errada, tenham pena de mim!”
Misericórdia.
Ensinamentos e breves acordes cantantes.

Trocam-se os microfones para a nova bebida.
Copos gelados que colam em nossas mãos.
“Meu querido, quando puderes, voltes, és sempre bem-vindo! És um dos fundadores.”
E as palavras ecoam pela eternidade
Junto dos imortais:
The Who, Led Zeppelin, The Doors e tantos outros.

Matheus I. Mazzochi


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