Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Raul Seixas
"Quero antes o lirismo dos loucos, o lirismo dos bêbados, o lirismo difícil e pungente dos bêbados. O lirismo dos clowns de Shakespeare. - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação." - Poética - Manuel Bandeira
sexta-feira, setembro 30
quinta-feira, setembro 29
Eu Faço Blues.
Eu faço Blues como quem chora.
Eu faço Blues como quem chora.
Enquanto eu faço Blues,
Você vai embora.
Eu faço Blues toda vez que chove.
Eu faço Blues quando o céu está nublado.
Eu faço Blues, porque o Blues me comove.
Eu faço Blues quando não estou ao teu lado.
E quando eu faço Blues, eu estou acabado.
Mas eu faço Blues toda vez que a noite chega.
Eu faço Blues quando você se aprochega.
E eu faço Blues, oh, eu faço Blues
Até você dizer chega.
E canto o meu Blues quando você me morde.
E canto o meu Blues tocando o teu acorde.
Eu faço Blues como quem sofre.
Eu faço Blues como quem morre.
Toda vez que saio com os amigos,
Eu faço Blues e tomo um porre.
Eu faço Blues quando eu te vejo.
Eu faço Blues e o Blues é o desejo.
Eu faço Blues, oh, eu faço Blues
Toda vez que eu te beijo.
Eu faço Blues quando toco em você.
Eu faço um Blues que ninguém pode ver.
Eu faço Blues quando a luz some.
Eu faço Blues e o meu Blues te consome.
Matheus I. Mazzochi
Não tenho sinceridade nenhuma que te dar.
Não tenho sinceridade nenhuma que te dar.
Se te falo, adapto instintivamente frases
A um sentido que me esqueço de ter.
[22/1/1929]
Álvaro de Campos
Se te falo, adapto instintivamente frases
A um sentido que me esqueço de ter.
[22/1/1929]
Álvaro de Campos
terça-feira, setembro 27
Nono Canto
(...)
Já não fugia a bela Ninfa, tanto
Por se dar cara ao triste que a seguia,
Como por ir ouvindo o doce canto,
As namoradas mágoas que dizia.
Volvendo o rosto já sereno e santo,
Toda banhada em riso e alegria,
Cair se deixa aos pés do vencedor,
Que todo se desfaz em puro amor.
Ó que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã, e na sesta,
Que Vênus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.
(...)
Luíz Vaz de Camões
Já não fugia a bela Ninfa, tanto
Por se dar cara ao triste que a seguia,
Como por ir ouvindo o doce canto,
As namoradas mágoas que dizia.
Volvendo o rosto já sereno e santo,
Toda banhada em riso e alegria,
Cair se deixa aos pés do vencedor,
Que todo se desfaz em puro amor.
Ó que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã, e na sesta,
Que Vênus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.
(...)
Luíz Vaz de Camões
sábado, setembro 24
NOCTURNO DE DIA
...Não: o que tenho é sono.
O quê? Tanto cansaço por causa das responsabilidades,
Tanta amargura por causa de talvez se não ser célebre,
Tanto desenvolvimento de opiniões sobre a imortalidade...
O que tenho é sono, meu velho, sono...
Deixem-me ao menos ter sono; quem sabe que mais terei?
16/6/1928
Álvaro de Campos
O quê? Tanto cansaço por causa das responsabilidades,
Tanta amargura por causa de talvez se não ser célebre,
Tanto desenvolvimento de opiniões sobre a imortalidade...
O que tenho é sono, meu velho, sono...
Deixem-me ao menos ter sono; quem sabe que mais terei?
16/6/1928
Álvaro de Campos
sexta-feira, setembro 23
Ai, Margarida, se eu te desse a minha vida
Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
-Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
- (Ela conhece-me a fundo.)
Que ha muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
-Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
-Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
Álvaro de Campos
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
-Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
- (Ela conhece-me a fundo.)
Que ha muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
-Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
-Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
Álvaro de Campos
domingo, setembro 18
Quem te viu, quem te vê
Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua
Hoje o samba saiu, lá lalaiá, procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Quando o samba começava você era a mais brilhante
E se a gente se cansava você só seguia a diante
Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado
Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado
E se a gente se cansava você só seguia a diante
Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado
Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado
O meu samba assim marcava na cadência os seus passos
O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão
O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão
Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia
Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você me assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade por favor não dê na vista
Bate palma com vontade, faz de conta que é turista
Quero que você me assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade por favor não dê na vista
Bate palma com vontade, faz de conta que é turista
Chico Buarque
Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh'alma errante,
Onde o fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas ...
De ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos - bem poucos - e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta destes flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar dos teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo ...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d'aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos.
Deixai a lua pratear-me a lousa!
Álvares de Azevedo
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh'alma errante,
Onde o fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas ...
De ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos - bem poucos - e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta destes flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar dos teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo ...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d'aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos.
Deixai a lua pratear-me a lousa!
Álvares de Azevedo
quinta-feira, setembro 15
Os Operários
Cinco operários trabalham sob o sol.
Sob o sol ácido.
Levantam suas pás com força.
Com força e com tristeza.
Todos os que passam não os notam.
Trabalham embaixo da rampa de entrada.
Perfurando a terra, cavando lápides
Que ninguém os elogiarás.
Serão esquecidos.
Ninguém lembrará.
Só são lembrados quando algo dá errado.
São meros operários.
Meros operários que suam por alguém.
São meros operários
Abaixo do ninguém.
Trabalham escondidos,
Trabalham esquecidos,
Trabalham como se dessem a vida,
Trabalham esperando a hora da saída.
Operários suados, cansados.
São bons empregados.
Bons porque trabalham calados.
Não reclamam, nem mesmo quando estão abalados.
Sua pele queimada contém cada som de sofrimento.
Pele grossa como o couro.
Trabalham no tormento.
Animais fortes como o touro.
Onde está o reconhecimento?
Erguem prédios que seus chefes irão se exibir.
[Como se fossem eles que tivessem construído].
Receberão aplausos, darão sorrisos.
E os operários?
Pobres e esquecidos,
Ficarão no anonimato,
De cabeças baixas,
Acolhidos.
Acolhidos uns pelos outros.
Uma irmandade filosófica diante de nossos olhos
Nossos olhos que não os vêem
Não vêem nada.
Só quem tem.
De que adianta ter e não saber usar?
De que adianta ter sem saber aproveitar?
De que adianta ter sabendo que os operários,
Honestos trabalhadores,
Trabalham com dores?
[Daí seus nomes:
Pedro, Paulo, Raul, José e Flores.]
* Singela homenagem aos operários da UFCSPA.
Matheus I. Mazzochi
terça-feira, setembro 13
Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco
[muito bem engomada, e na primeira esquina
[passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a
[calça de uma nódoa de lama:
É a vida.
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as
[virgens cem por cento e as amadas que
[envelheceram sem maldade.
19 de Maio de 1949
Manuel Bandeira
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco
[muito bem engomada, e na primeira esquina
[passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a
[calça de uma nódoa de lama:
É a vida.
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as
[virgens cem por cento e as amadas que
[envelheceram sem maldade.
19 de Maio de 1949
Manuel Bandeira
segunda-feira, setembro 12
A gente tenta...
Após longas quatro horas de viagens feitas pelas estradas do Rio Grande do Sul, de Passo Fundo até Porto Alegre, os seis amigos estavam de volta ao lar. O motorista decidiu, como último dever, deixar cada um em frente a suas casas. Foi largando, pacientemente e calorosamente, com um sorriso no rosto, um amigo de cada vez, como se já fosse parte de um ritual. Faltava um só. Dialogaram sobre inúmeros assuntos em comum, dialogaram sobre a ordem e o caos presente nela num todo, mas, no final, decidiram dialogar sobre algo muito mais importante e mais universal que possa existir entre a humanidade: a mulher.
Chegaram em frente a casa do último companheiro.
(...)
- Meu irmão, muito obrigado pelos momentos divididos contigo.
Disse o último, ao ser entregue em casa, apertando fortemente a mão de seu amigo que os guiou, seguramente, até seus destinos.
- Oh, que isso, meu irmão. Eu que agradeço pela oportunidade de dividi-los contigo.
Abraçaram-se no carro. Após o abraço, voltaram a se olhar.
- Agora, como vais fazer? Vais sair com a guria?
A indagação veio acompanhada de uma levantada de leve na sobrancelha esquerda.
- É o que eu pretendia.
Risadas.
- Tu terás, mesmo, de esperar até ele chegar para ir buscá-lo?
- Ah, cara, - ele baixou sua cabeça entre o volante como quem recebesse um aviso horrível, ou uma lembrança que queria esquecer. - nem me fala...
Suspirou.
Silêncio entre eles.
- Bah, só às oito horas...
Um sorriso sádico estava presente no rosto.
- Ah, velho!
Riram de novo da situação. Era familiar para os dois, mesmo sendo presente só para um naquele momento.
- Ah, aí tu aproveita e solta uma trova: “desculpa a demora, é que eu tive que fazer um favor. Pegar um amigo meu em Viamão para levá-lo para a casa... ele não tinha como voltar.” Aí ela vai te dizer: “Oh, que amigão!” e tu respondes, todo tímido: “Ah, a gente tenta.” Deu! Acabou. Ela vai te chamar de fofinho. Vai por mim. Sempre dá certo.
O motorista escutava atentamente com um sorriso de canto de lábio no rosto. Estava refletindo. Enfim, a opinião:
- Tu sabes que não é má idéia, cara?
- Claro que eu sei... Sempre dá certo.
Riram-se de novo.
Reinou o silêncio temporário até ser quebrado:
- Velho, tu é um exemplo de irmão mesmo...
Ele escutou o elogio de olhos baixos, tímidos, olhando para o chão.
Novamente, reinou o silêncio.
- Ah, a gente tenta.
- Oh, que fofinho!
As risadas foram escutadas por todo o bairro.
quarta-feira, setembro 7
Há uma beleza nublada em uma dia chuvoso
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
O branco dos céus reflete o colorido do chão.
A cor vívida das árvores dos Outonos e das Primas Vera
Fica mais evidente, mais chamativa, mais colorida.
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
O dia, na cidade, fica mais silencioso.
O trabalhador cansado fica recluso em seu lar.
A moça enamorada vai ao shopping com seu par.
O bolo e o chá, feitos pela vovó, ficam mais gostoso.
Em meio a inércia ociosa presente no dia,
A mágica contagiante da preguiça me guia.
Na sacada, sentado, leio um livro.
Podo os ramos da arruda e sinto seu perfume.
Perfume penetrante e gostoso.
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
Saio de casa e caminho por aí.
Nenhum lugar definido procuro.
Não me procures, não estarei mais ali.
Em meio às árvores, me curo.
Me perco no silêncio das folhas que bailam com o vento.
Silêncio supremo, raro e misterioso.
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
Em meio ao silêncio das gotas que aplaudem meu guarda chuva,
Em meio às árvores que me escondem do turbilhão da cidade turva,
Fico só e só comigo fico.
Recarregado e esperançoso,
Volto para a casa e concluo que
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
Matheus I. Mazzochi
O branco dos céus reflete o colorido do chão.
A cor vívida das árvores dos Outonos e das Primas Vera
Fica mais evidente, mais chamativa, mais colorida.
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
O dia, na cidade, fica mais silencioso.
O trabalhador cansado fica recluso em seu lar.
A moça enamorada vai ao shopping com seu par.
O bolo e o chá, feitos pela vovó, ficam mais gostoso.
Em meio a inércia ociosa presente no dia,
A mágica contagiante da preguiça me guia.
Na sacada, sentado, leio um livro.
Podo os ramos da arruda e sinto seu perfume.
Perfume penetrante e gostoso.
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
Saio de casa e caminho por aí.
Nenhum lugar definido procuro.
Não me procures, não estarei mais ali.
Em meio às árvores, me curo.
Me perco no silêncio das folhas que bailam com o vento.
Silêncio supremo, raro e misterioso.
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
Em meio ao silêncio das gotas que aplaudem meu guarda chuva,
Em meio às árvores que me escondem do turbilhão da cidade turva,
Fico só e só comigo fico.
Recarregado e esperançoso,
Volto para a casa e concluo que
Há uma beleza nublada em um dia chuvoso.
Matheus I. Mazzochi
terça-feira, setembro 6
É preciso merecê-las.
Para um homem conquistar as estrelas,
Antes de mais nada,
É preciso merecê-las.
Matheus I. Mazzochi
Antes de mais nada,
É preciso merecê-las.
Matheus I. Mazzochi
quinta-feira, setembro 1
Se Criticas, faça! ou Funk do Smile
Uma vez saí com dois amigos e ficamos discutindo música...Como sempre! Chegamos, [ dos elogios exagerados para a Bossa, para o Jazz, para o Blues de raiz e para o bom e velho Rock'n Roll ( e digo Rock'n Roll, não apenas rock, pois abrange tutte!)] enfim, às críticas ao Funk Brasileiro. Nada contra o Funk de raiz norte-americano, que, na real, é Fun...daí que vem o nome....É pois é, não morram nem me mandem emails me xingando.
Pois, enfim! Se criticas, faça! Se um qualquer pode fazer tal música criticada, deixemos uns qualqueres tentar tambem.
[ introdução e ritmos típicos funkeiros - os ÚNICOS- diga-se de passagem]
"
Passo a mão, encoxo,
Mato os brother,
Capoto e segue o baile!
[cornetas desafinadas ou trompetes ou seja la o que eles tocam nessa hora]
Me puxô, eu arroxo!
Odeio 'Arri Poter',
Passo o dedo, leio em Braille
Esse é o FUNK DO SMILE!
[tchum-tcha-cha-cha-tchum-tchum-tcha] infinitas vezes
Aceito euro, iemen
O dolar tá embaixa
Viva a inflação!
Viva,viva a inflação!
[ o quê?]
Viva a inflação!
Viva, viva a inflação!
Encho o bolso, compro um carro,
Mato outro, ninguem é são
Pega a loira burra e ponha no varão!"
E tenho dito...
Matheus I. Mazzochi / William/ Giovani Gatto [05.08.2011]
Pois, enfim! Se criticas, faça! Se um qualquer pode fazer tal música criticada, deixemos uns qualqueres tentar tambem.
[ introdução e ritmos típicos funkeiros - os ÚNICOS- diga-se de passagem]
"
Passo a mão, encoxo,
Mato os brother,
Capoto e segue o baile!
[cornetas desafinadas ou trompetes ou seja la o que eles tocam nessa hora]
Me puxô, eu arroxo!
Odeio 'Arri Poter',
Passo o dedo, leio em Braille
Esse é o FUNK DO SMILE!
[tchum-tcha-cha-cha-tchum-tchum-tcha] infinitas vezes
Aceito euro, iemen
O dolar tá embaixa
Viva a inflação!
Viva,viva a inflação!
[ o quê?]
Viva a inflação!
Viva, viva a inflação!
Encho o bolso, compro um carro,
Mato outro, ninguem é são
Pega a loira burra e ponha no varão!"
E tenho dito...
Matheus I. Mazzochi / William/ Giovani Gatto [05.08.2011]
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