"Quero antes o lirismo dos loucos, o lirismo dos bêbados, o lirismo difícil e pungente dos bêbados. O lirismo dos clowns de Shakespeare. - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação." - Poética - Manuel Bandeira
sexta-feira, dezembro 30
2012
- Tu acreditas que o mundo vai acabar em 2012?
- Ah, nem vem... Não me diz que tu também és daqueles malucos místicos e supersticiosos.
- É que sempre tão falando nisso e eu fico pensando: Bah! E se realmente acontecer?
-“... E se realmente acontecer?”. Não vai acontecer, cara.
- Como tu sabes?
- Não faz sentido, meu. Tão se baseando em cima de um calendário Maia. Em cima de um calendário de uma civilização que nem existe mais.
- Eles existem... só que estão pedindo esmolas nas ruas da América Central.
- Então! Vamos acreditar em mendigos?
- Não é esse o ponto...
- Eu não acredito em fim do mundo.
- Tem uma frase: “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!”.
- Mesmo assim...
- É incrível pensar que uma civilização sem nenhuma eletricidade e ciência moderna conseguia adivinhar o que acontecia no mundo.
- Isso é mito.
- Eles, de tanto admirar e estudar os céus e os astros, conseguiram prever equinócios, eclipses, tudo!
- Faziam isso para os rituais sangrentos deles.
- Não eram rituais sangrentos.
- Não... Hoje arrancamos corações das outras pessoas e servimos aos deuses em troca de bênção. É tri normal. Dizem que será o tema da nova novela das oito.
- Era a crença deles.
- Uma crença sangrenta.
- De qualquer forma, essa crença e esse conhecimento os deixaram mais próximos da Natureza do que nós hoje.
- Eu prefiro continuar com meu coração no lugar.
- De nada adianta tê-lo em seu lugar sem saber usa-lo.
- Ele bombeia bem.
- Sabia que eles construíram um templo em nome do deus deles que até hoje é um mistério para nós como eles o fizeram?
- Ta bem bom esse mate, quer o próximo?
- Quero.
- Cuidado que ta meio quente.
- Ou meio frio.
- Não começa...
- Enfim, o Templo de Kukulcán é um mistério para quem o conhece. Dizem que nos equinócios e solstícios, pela luz do amanhecer e do pôr-do-sol, à medida que o Sol vai se movimentando, podemos notar que as sombras das grandes esculturas de serpentes também se movimentam. Esse jogo de luz e sombra torna um efeito visual incrível! Vemos cobras de sombras se movendo dentro e fora do templo!Uma civilização que tinha essa sensibilidade deve ser reconhecida.
- Sensibilidade em arrancar corações...
- Também dizem que se tu olhar o templo de cima, pode notar que, dependendo da posição do Sol, o jogo de luz e sombra forma várias pirâmides. E sabe o mais incrível?
- Não.
- Pirâmides matematicamente perfeitas e idênticas àquela que forma o próprio Templo!
- Ah-vá!?
- E tem mais.
- Hm.
- O Templo de Kukulcán foi feito em homenagem ao deus Quetzalcóatl.
- Qual deus?
- Quetzalcóatl.
- Quero ver soletrar de trás pra frente.
- Esse deus é representado pela ave Quetzal, que tem um canto bem pecu...
- Peraí.
- Diga.
- O Templo não era de Kukulcán?
- Sim. É.
- Então porque foi feito em homenagem a outro deus?
- Kukulcán e Quetzalcóatl, dizem, são os mesmos. Muda só pela questão dos antigos povos daquela região que deram origem aos Maias.
- Não faz sentido.
- Claro que faz! Um povo acaba pegando um pouco da cultura do povo que ele dominou. Aí, um decidiu construir o templo em homenagem ao seu deus que era o mesmo do antigo povo, só mudava o nome.
- Ta muito confuso isso, mas tudo bem...Depois me falam do tal calendário...Continua.
- Enfim, esse canto é peculiar.
- Que canto? Da pirâmide?
- Não, do Quetzal.
- Ah...
- Esse canto é bem peculiar. Dizem que se tu fica na entrada norte-nordeste do templo e bate palmas, ocasionará um efeito acústico que será idêntico ao canto do Quetzal.
- Como sabem que é idêntico?
- Levaram cientistas para testar.
- Foram espertos. E aí?
- Aí que, acusticamente, comparando a gravação do canto do pássaro com o som causado, são idênticos.
- Sério?
- Sério.
- Bem...
- Viu que incrível?
-... Eu não acredito em fim do mundo e esse chimarrão não é microfone, eu já te falei.
Matheus I. Mazzochi
Yin-Yang
- Olha esse pôr-do-sol!
- É... É bem bonito.
- É lindo! Nossa... não te faz pensar como a vida é tão colorida e bela? Olha essas cores! Tem diferentes tons de laranja, vermelho e violeta. Deve ter todos os tipos de combinações.
- É, deve ter mesmo.
- Não é a coisa mais linda que tu já viste?
- Não diria que é a mais linda, mas está entre elas.
- É lindo...
*
- Já viu o nascer do Sol?
- Eu to dormindo nessa hora.
- Às vezes, eu saia mais cedo de casa só para vê-lo antes de ir para a aula.
- Pra quê?
- Para ter um toque de beleza já de manhã.
- Hm. E fazia alguma diferença? Teu dia ficava mais belo?
- Acho que fazia. Era lindo, muito lindo.
- Mais que o pôr-do-sol?
- Não sei, na real. É uma boa pergunta pra refletir.
*
- Acho que é a mesma coisa.
- O que é a mesma coisa?
- O pôr-do-sol e o nascer do sol.
- Tu achas que o pôr-do-sol é a mesma coisa que o nascer do Sol?
- Acho. Acho que o Sol fica no mesmo ângulo de incidência...
- Não me venha com óptica...
- Mas é a verdade, não posso fazer nada.
- Acho que são diferentes.
- Por quê?
- Porque são. Um é no fim do dia; outro, no inicio.
- Como tu podes afirmar se nunca presenciou o nascer do Sol?
- Pela lógica.
- Não mesmo.
- Esse chimarrão não é microfone, sabia?
- Toma. Ta bem bom.
- Como eu dizia: pela lógica. Um é no nascer do dia e isso quer dizer que ele aparece para iluminar o dia. Fica lá no céu por umas doze horas e depois se põe. O pôr-do-sol é o pôr-do-sol porque é no fim do dia. Viu? São diferentes.
- Volto a dizer que a incidência deve ser parecida. As cores são as mesmas.
- As combinações das cores são as mesmas?
- Não sei. Não calculei e nem acho que tem como, mas só em olhar a gente sabe que devem ser.
- Só em olhar?
- Tu sentes, sabe?
- Tu sentes ou tu sabes?
- Não podem ser diferentes.
- Olha, um começa no Leste; outro, no Oeste. Leste é diferente de Oeste.
- Acho que um é a combinação e continuação do outro, portanto devem ser uma coisa só.
- Deve ser o ciclo do Sol.
- É lindo.
- Ta, vamos indo que está ficando escuro já.
- Que tal vermos o nascer do Sol?
- Pra quê?
- Pra terminarmos com essa discussão.
- ...
- É sério!
- Eu vou colocar a água pra esquentar.
- Eu trago as cadeiras...
- Cadeiras? Vamos ficar a noite toda aqui?
- Quero te falar algo sobre as estrelas. Não vamos perder o espetáculo todo, né?
- Por que ver a noite toda? Não queria só ver o nascer do Sol?
- Não é lógico só observar o inicio e o fim se o meio também é bonito.
- Eu sou o cara da lógica, ta bom?
- Sempre é bom aprender. Abrir a cabeça e conhecer coisas novas.
- É, que seja. Vou lá aquecer a água.
- Vai ser divertido.
- Só não me venha com Astrologia.
- É... Vai ser bem divertido.
Matheus I. Mazzochi
quarta-feira, dezembro 28
Got You On My Mind
I've got you on my mind, I'm feeling kind of sad and low.
Got you on my mind, feeling kind of sad and low.
I'm wondering where you are, wondering why you had to go.
Got you on my mind, feeling kind of sad and low.
I'm wondering where you are, wondering why you had to go.
Tears begin to fall every time I hear your name.
Tears begin to fall every time I hear your name.
But since you went away, nothing seems to be the same.
Tears begin to fall every time I hear your name.
But since you went away, nothing seems to be the same.
No matter how I try,
My heart just don't see why
I can't forget you.
If ever it should be
You want to come back to me,
You know I love you.
My heart just don't see why
I can't forget you.
If ever it should be
You want to come back to me,
You know I love you.
I'm wondering where you are, wondering why you had to go.
I'm wondering where you are, wondering why you had to go.
I'm wondering where you are, wondering why you had to go.
Biggs/ Joe Thomas - 1999
sábado, dezembro 24
Bom Dia
- Quando é que temos a certeza de que nos apaixonamos por alguém?
- Quando, ao acordarmos, vemos no meio do rosto amassado e no meio dos cabelos bagunçados, a mulher mais linda de todo o mundo.
Matheus I. Mazzochi
- Quando, ao acordarmos, vemos no meio do rosto amassado e no meio dos cabelos bagunçados, a mulher mais linda de todo o mundo.
Matheus I. Mazzochi
sexta-feira, dezembro 23
Happy Xmas (War is Over)
So this is christmas
And what have you done
Another year over
And new one just begun
And what have you done
Another year over
And new one just begun
And so this is christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young
I hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young
A very merry christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And so this is christmas (war is over...)
For weak and for strong (...if you want it)
The rich and the poor one
The world is so wrong
For weak and for strong (...if you want it)
The rich and the poor one
The world is so wrong
And so happy christmas
For black and for white
For the yellow and red one
Let's stop all the fight
For black and for white
For the yellow and red one
Let's stop all the fight
A very merry christmas
And a happy new year
Lets hope it's a good one
Without any fear
And a happy new year
Lets hope it's a good one
Without any fear
And so this is christmas
And what have we done
Another year over
And new one just begun...
And what have we done
Another year over
And new one just begun...
And so happy christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young
We hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young
A very merry christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear
War is over
If you want it
War is over
Now
If you want it
War is over
Now
John Lennon/Yoko Ono - 1971
quarta-feira, dezembro 14
Paradoxo de Nosso Tempo
Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.
Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir maiscópias do que nunca, mas nos comunicamos menos. Estamos na era do ‘fast-food’ e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas “mágicas”. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na despensa. Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar ‘delete’.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre. Lembre-se dar um abraço carinhoso num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Lembre-se de dizer “eu te amo” à sua companheira(o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, ame… Ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro. O segredo da vida não é ter tudo que você quer, mas AMAR tudo que você tem!
Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.
Dr. Bob Moorhead
Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.
Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir maiscópias do que nunca, mas nos comunicamos menos. Estamos na era do ‘fast-food’ e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas “mágicas”. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na despensa. Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar ‘delete’.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre. Lembre-se dar um abraço carinhoso num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Lembre-se de dizer “eu te amo” à sua companheira(o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, ame… Ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro. O segredo da vida não é ter tudo que você quer, mas AMAR tudo que você tem!
Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.
Dr. Bob Moorhead
domingo, dezembro 11
segunda-feira, dezembro 5
Você Não Entende Nada
Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você é tão bonita
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você é tão bonita
Você traz a coca-cola eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como você
Não está entendendo quase nada do que eu digo
Eu quero ir-me embora
Eu quero é dar o fora
Eu quero ir-me embora
Eu quero é dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento
Você está tão curtida
Eu quero tocar fogo neste apartamento
Você não acredita
Você não acredita
Traz meu café com suita eu tomo
Bota a sobremesa eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como você
Tem que saber que eu quero correr mundo
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
Eu quero que você venha comigo
Eu quero que você venha comigo [Todo dia]
Eu quero que você venha comigo [Todo dia]
Eu quero que você venha comigo [Todo dia]
Caetano Veloso
Cotidiano
Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.
Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.
Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Chico Buarque - 1984
sexta-feira, novembro 25
Autoconhecimento e Auto-engano
A linguagem e os preconceitos em que se baseia a linguagem nos criam diversos obstáculos no exame de processos e impulsos interiores: por exemplo, no fato de realmente só haver palavras para graus superlativos desses processos e impulsos - ; mas estamos acostumados a não mais observar com precisão ali onde nos faltam as palavras, pois é custoso ali pensar com precisão (...). Raiva, ódio, amor, compaixão, cobiça, conhecimento, alegria, dor - estes são todos os nomes para estados extremos: os graus mais suaves e medianos, e mesmo os graus mais baixos, continuamente presentes, nos escapam, e, no entanto, são justamente eles que tecem a trama de nosso caráter e de nosso destino. (...) Aquilo que parecemos ser, conforme estados para os quais temos consciência e palavras - e, portanto, elogio e censura - nenhum de nós o é; por essas manifestações grosseiras, as únicas que nos são conhecidas, nós nos conhecemos mal, nós tiramos conclusão de um material em que, via de regra, as exceções predominam, nós nos equivocamos na leitura da escrita aparentemente clara de nosso ser.
Friedrich Nietzsche (1881)
Friedrich Nietzsche (1881)
quarta-feira, novembro 23
4h da Manhã esperando o Amanhã.
Na noite estrelada,
Observo as estrelas piscando,
Enquanto aguardo a alvorada.
Pedaços de diamantes
Que quebraram ao cair no chão.
Pontos fascinantes
Que de tão longe fogem da minha compreensão.
São diamantes no céu
Colados em um preto véu
Estendido lá em cima.
Isso não te fascina?
São estrelas que piscam sem saber
Que estão sendo observadas e admiradas
Por outros pontos que, talvez, nunca irão entender
Que tem suas luzes também irradiadas
Que nossa reação não pode ser medida em palavras finitas,
Pois são finitas.
E da finitude, eu abro mão...
E pensar que a luz que nos cega,
Pode ser a luz de uma que não mais existe.
Isso me apega
No quão bonito e misterioso pode ser viver e compreender.
Que o acaso da vida nos guie para o desconhecido.
A cada dia estamos enfrentando desafios.
Um por um. Juntos, nunca só um.
Deixemos de ser egoístas
E tentemos descrever o por-do-sol
Para uma pessoa sem vistas.
segunda-feira, novembro 14
Pela Luz dos Olhos Teus
Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é, meu Deus
Que frio que me dá
O encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus
Me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus
Sem mais larirurá
Pela luz dos olhos teus
Eu acho, meu amor
E só se pode achar
Que a luz dos olhos meus
Precisa se casar.
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é, meu Deus
Que frio que me dá
O encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus
Me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus
Sem mais larirurá
Pela luz dos olhos teus
Eu acho, meu amor
E só se pode achar
Que a luz dos olhos meus
Precisa se casar.
Vinicius de Moraes/Toquinho/Miúcha/Tom Jobim - 1977
sexta-feira, novembro 11
quarta-feira, novembro 9
Da vez em que faltou Luz.
E foi no meio da escuridão
Que todos olharam para cima
E notaram a Iluminação.
Desde então, a humanidade me fascina.
Matheus I. Mazzochi
Que todos olharam para cima
E notaram a Iluminação.
Desde então, a humanidade me fascina.
Matheus I. Mazzochi
Codinome Beija-Flor
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Cazuza - Exagerado - 1985
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Cazuza - Exagerado - 1985
quarta-feira, novembro 2
Boa Noite
Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.
Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
...Quem cantou foi teu hálito, divina!
Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."
É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...
É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas...
– São as asas do arcanjo dos amores.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa noite! –, formosa Consuelo...
A lua nas janelas bate em cheio...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.
Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
...Quem cantou foi teu hálito, divina!
Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."
É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...
É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas...
– São as asas do arcanjo dos amores.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa noite! –, formosa Consuelo...
São Paulo, 27 de Agosto de 1868
Castro Alves
terça-feira, novembro 1
O Jovem Jean Piaget I
Eis que o Jovem Jean Piaget se encontrava na fase Sensório-Motor
E decidiu desbravar e conhecer o mundo ao seu redor.
- Vai lá, Jean! Vai lá sem medo!
E Jean Piaget foi-se sem medo e sem temor,
Em busca das assimilações novas e acomodações possíveis...
[- Mas não é cedo demais? -Fica quieto que eu que to contando, rapaz!]
...para conhecer algo novo e inovador.
-Tchau, Piaget!
E respondendo com seu estimulo reflexo, foi-se Piaget.
Foi-se Piaget....
Piaget...
Piage...
Piag...
Pia...
Pi...
P...
...
..
.
- Piaget sumiu!
Matheus I. Mazzochi
E decidiu desbravar e conhecer o mundo ao seu redor.
- Vai lá, Jean! Vai lá sem medo!
E Jean Piaget foi-se sem medo e sem temor,
Em busca das assimilações novas e acomodações possíveis...
[- Mas não é cedo demais? -Fica quieto que eu que to contando, rapaz!]
...para conhecer algo novo e inovador.
-Tchau, Piaget!
E respondendo com seu estimulo reflexo, foi-se Piaget.
Foi-se Piaget....
Piaget...
Piage...
Piag...
Pia...
Pi...
P...
...
..
.
- Piaget sumiu!
Matheus I. Mazzochi
domingo, outubro 30
Leão do Ocidente
Trabalhamos a madrugada inteira
Só para ouvir o rugido do sol nascente.
Matheus I. Mazzochi
quinta-feira, outubro 27
Em uma rodoviária qualquer,
Um homem se despede de sua mulher.
Segura seu rosto e beija com paixão,
Depois a mala, ele tira do chão.
Chega à porta, para e volta a olhar.
Entra no ônibus, o qual vai os separar.
A mulher acena para seu homem na janela.
Ele responde sorrindo e manda um beijo para ela.
O motor ligou e o motorista manobrou.
Ao poucos, foram se distanciando,
Mas a mulher, aos poucos,
Foi do ônibus se aproximando.
[Mal sabiam
Que seria a última vez
Que seus olhos se encontrariam
E assim que se fez.]
“Eu te amo.” – Ela falou.
Um “eu te amo” mudo
Que ele não escutou
Como quase tudo.
Na rodoviária a mulher ficou.
Acenou...
Chorou...
Sonhou...
Toda vez que se olhava no espelho,
Carente,
Ela pensava em seu amado,
Até quando limpava os dentes.
Todo o dia retocava a maquiagem
Esperando-o voltar da viagem.
Preparava a comida para dois.
O bom e velho feijão com arroz.
Arrumava a cama,
Como se ele fosse voltar a qualquer momento.
Trocava as velas para reacender a chama,
A chama do tão longo sofrimento.
Como um barco velho, na praia, encalhado.
Sua vida amorosa, ela havia abandonado.
Não queria mais embarcar para navegar.
Desistiu da vida, desistiu do amar.
De dia, ficava na janela
Pensando onde estaria o homem dela.
De noite, chorava na cama...
Um choro fininho, contido, sem drama.
Deixou de viver,
Queria morrer.
A sua foto ela segurava
Toda noite que se aninhava.
E o Sol foi nascendo,
E o Sol foi morrendo,
E a Lua brilhava,
E a Lua mudava.
Uns dizem que ela virou freira;
Outros que ela morreu de saudade.
Uns, que ela nunca mais amou
Outro homem como aquele que não mais voltou.
O que eu sei é que ela abriu o armário.
Queria sair e a saia pegou.
Saiu e sambou...
Saiu sozinha e voltou com um otário.
Noutro dia, a janela estava aberta bem cedo.
O cheiro do feijão voltou a cobrir o ar.
A mulher havia vencido seu medo.
A mulher havia voltado a amar.
Eis que depois de anos ele voltou.
E, na frente de casa, suas coisas ele encontrou.
- Meu amor, estás irritadiça?
O que é isso, afinal?
- São oito anos sem notícia,
Seu besta, animal.
- Isadora, minha flor,
A viagem foi dura, cheia de dor...
- Não me venha com “Isadora, minha flor”,
Pois sou a Isabela, o teu antigo amor.
Raul Luar
Carinho Triste
A tua boca ingênua e triste
E voluptuosa, que eu saberia fazer
Sorrir em meio dos pesares e chorar em meio das alegrias,
A tua boca ingênua e triste
É dele quando ele bem quer.
Os teus seios miraculosos,
Que amamentaram sem perder
O precário frescor da pubescência,
Teus seios, que são como os seios intactos das virgens,
São dele quando ele bem quer.
O teu claro ventre,
Onde como no ventre da terra ouço bater
O mistério de novas vidas e de novos pensamentos,
Teu ventre, cujo contorno tem a pureza da linha de mar e
[céu ao pôr do sol,
É dele quando ele bem quer.
Só não é dele a tua tristeza.
Tristeza dos que perderam o gosto de viver.
Dos que a vida traiu impiedosamente.
Tristeza de criança que se deve afagar e acalentar.
(A minha tristeza também!...)
Só não é dele a tua tristeza, ó minha triste amiga!
Porque ele não a quer.
Manuel Bandeira - O Ritmo Dissoluto
E voluptuosa, que eu saberia fazer
Sorrir em meio dos pesares e chorar em meio das alegrias,
A tua boca ingênua e triste
É dele quando ele bem quer.
Os teus seios miraculosos,
Que amamentaram sem perder
O precário frescor da pubescência,
Teus seios, que são como os seios intactos das virgens,
São dele quando ele bem quer.
O teu claro ventre,
Onde como no ventre da terra ouço bater
O mistério de novas vidas e de novos pensamentos,
Teu ventre, cujo contorno tem a pureza da linha de mar e
[céu ao pôr do sol,
É dele quando ele bem quer.
Só não é dele a tua tristeza.
Tristeza dos que perderam o gosto de viver.
Dos que a vida traiu impiedosamente.
Tristeza de criança que se deve afagar e acalentar.
(A minha tristeza também!...)
Só não é dele a tua tristeza, ó minha triste amiga!
Porque ele não a quer.
Manuel Bandeira - O Ritmo Dissoluto
quarta-feira, outubro 26
Meu coração arde como fogo. Mas meus olhos são frios como cinzas mortas
De manhã, antes de vestir-se, acenda incenso e medite.
Coma a intervalos regulares e deite-se a uma hora regular.
Coma sempre com moderação e nunca até ficar plenamente satisfeito.
Receba as suas visitas com a mesma atitude que tem quando está só.
E, quando só, mantenha a mesma atitude que tem quando recebe visitas.
Preste atenção ao que diz e, o que quer que diga, pratique-o.
Quando uma oportunidade chegar, não a deixe passar,
mas pense sempre duas vezes antes de agir.
Não se deixe perturbar pelo passado. Olhe para o futuro.
Coma sempre com moderação e nunca até ficar plenamente satisfeito.
Receba as suas visitas com a mesma atitude que tem quando está só.
E, quando só, mantenha a mesma atitude que tem quando recebe visitas.
Preste atenção ao que diz e, o que quer que diga, pratique-o.
Quando uma oportunidade chegar, não a deixe passar,
mas pense sempre duas vezes antes de agir.
Não se deixe perturbar pelo passado. Olhe para o futuro.
A sua atitude deve ser a de um herói sem medo,
mas o coração deve ser como o de uma criança, cheio de amor.
Ao retirar-se, ao fim do dia, durma como se tivesse entrado no seu último sono.
E, ao acordar, deixe a cama para trás,
instantaneamente,
como se tivesse deitado fora um par de sapatos velhos.
mas o coração deve ser como o de uma criança, cheio de amor.
Ao retirar-se, ao fim do dia, durma como se tivesse entrado no seu último sono.
E, ao acordar, deixe a cama para trás,
instantaneamente,
como se tivesse deitado fora um par de sapatos velhos.
Soyen Shaku (1859-1919)
terça-feira, outubro 25
E a resposta, meus amigos, está soprando no vento.
Ando pela rua e vejo que vem alguém me encher o saco:
- Oiiii! E aí? Nossa! Tu estás um caco.
Um caco? Eu estou um caco? Eu vivo tentando coletar as peças
Que caem de mim quando respiro.
Fragmentei-me no chão suplicando como em rezas.
Acordo, reflito, repenso, piro e aspiro.
Volto à realidade... O ser que respira e está inteiro me olha.
Ele deve estar esperando alguma coisa que eu não faço idéia do que seja.
Talvez deva ser um sorriso... [sempre é um sorriso!].
As pessoas gostam dos sorrisos.
É... Vou sorrir.
...
O que foi aquilo? Que tipo de pergunta foi aquela?
Por que agi daquela maneira?
Melhor!
Da onde veio aquele sorriso?
Ah...
Como os deuses são bons em enviar anjos que parecem
Que irão nos incomodar... Que aparentam isso.
Mas estão enganados...
Anjos maravilhosos que suas ordens desobedecem
E esquecem.
Ele foi esperto, me fez sorrir.
Ele foi esperto, me fez seguir adiante.
Ele foi esperto... Que ser radiante!
Sim! Agora faz sentido.
Eu estava realmente um caco.
E há algo maior e contagiante.
Em vão olhava para o chão
Catando as partes de mim que deixaram de ser de mim
E sumiram do nada para o nada e do nada para o fim.
Se, na verdade, eu precisava olhar para frente,
Ver toda essa gente,
Que, apesar de ser diferente,
É parte de mim, pois é corpo, corpo que sente.
Sois vós e nós,
Sois a Mente.
Sois a Mente!
Sois a Mente...
Que belo insight
Que belo pensamento.
Que bela conclusão.
O que seria do verde das folhas, se não fosse o azul do céu da refração da onda eletromagnética que é a luz?
E ela é branca... Ela é pura...ela parece ser um só,
Mas não é.
São sete cores em uma só.
Sete.
Sete vezes sete dá quarenta e nove.
Quarenta e nove é um número relativamente grande....
E tudo começou com o branco.
Sete...
Eis o número, meus senhores:
Sete.
Matheus I. Mazzochi
segunda-feira, outubro 24
Jardim cheio de flores.
- Pode parecer estranho mas mulher tem dessas coisas...
- O quê?
- Eu olho pra ti e enxergo um grande cardiologista.
- Mesmo? - ele riu.- Por quê?
- Não sei o por quê, me ocorreu a pouco isso.
- Cardiologista... - ele abaixou a cabeça e refletiu. Se viu exercendo a profissão naquele momento. - Nossa. Me deu uma coisa no peito agora.
Ele olhou nos olhos dela.
- Quem sabe tu prevê o futuro.
Ela riu.
Fez o silêncio.
- E sabe por quê?
Ele a olhou bem sério.
- Me deu um insight agora.
Pausa. Ela, enfim, conseguiu forças para continuar:
- Porque tu entende das dores do coração.
Matheus I. Mazzochi
sábado, outubro 22
O indispensável para a nossa vida
- Mestre, acabei de ler sobre uma pesquisa que fizeram no Ocidente: perguntaram o que as pessoas tem de indispensável para o seu dia a dia, e a maioria respondeu que era o seu celular!
- Que curioso...
- Um absurdo, todo esse materialismo...
- Mas o que deveria ser indispensável em sua vida?
- Ora, penso que meus amigos, minha família, minha mulher...
- Mas como? As pessoas não nos pertencem... Essa resposta não nos serve.
O discípulo pensou por um longo momento e acrescentou:
- Muito bem, agora entendi: tudo o que temos é a sabedoria! Ela sim é indispensável.
- Concordo... Mas me diga: como saberemos com certeza se temos mesmo alguma sabedoria?
- Ora, pela opinião dos outros, mestre - Eu mesmo afirmo: você é um sábio!
- Fico imensamente grato... Mas, e se estiver enganado? Outros podem aparecer por aqui e afirmar exatamente o oposto: que sou apenas algum louco... Ou pior, um charlatão...
- Mas mestre, todos que conviverem um dia que seja contigo hão de concordar que é mesmo um sábio...
- Como?
- Ora, porque passarão a amá-lo como todos os outros discípulos tem lhe amado.
- Mas... Amar assim tão depressa? Será que primeiramente não amariam o saber?O discípulo acenou com a cabeça, concordando.
- Então, não seria esse amor ao saber o que inicia todo esse caminho espiritual que temos percorrido juntos?
- Sim mestre! Agora percebo que foi assim: primeiro me interessei por seu conhecimento, e só após nosso convívio foi que passei a amá-lo como a um pai...
- E já que agora somos tão amigos, será que quando viajamos para longe um do outro o telefone não passa a ser indispensável para mantermos contato?
- Bem, pode ser... Mas o telefone é apenas um objeto material...
- Meu amigo, o problema não é o objeto, mas o uso que fazemos dele... De fato, não temos um telefone, não temos nossa casa e nem mesmo nossa roupa, o que temos é essa vontade tão antiga de nos conectarmos um ao outro: eis o indispensável em nossa vida.
[Fica a dica ;) ]
sexta-feira, outubro 21
Eu me perco na fantasia
Eu me perco na minha fantasia
Que, quem sabe, pode ser até sadia
Para fugir da verdade,
Encarar a realidade
Que, num momento, é a minha epifania.
Matheus I. Mazzochi
Que, quem sabe, pode ser até sadia
Para fugir da verdade,
Encarar a realidade
Que, num momento, é a minha epifania.
Matheus I. Mazzochi
sábado, outubro 15
...
Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na acção...
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem - um antes de ontem que é sempre...
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem - um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Produtos românticos, nós todos...
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada.
Assim se faz a literatura...
Santos Deuses, assim até se faz a vida!
Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida...
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafísica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distracção de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem a verdade nem a vida.
[15/5/1929]
Álvaro de Campos
sexta-feira, outubro 14
E se os gênios estivessem num bar?
Em um barzinho numa cidade muito longe de onde vivemos...
Albert Einstein estava sentado matando sua sede e fumando seu cachimbo. De pernas cruzadas, elegantemente, escrevia suas reflexões e seus devaneios. Queria que queria terminar sua mais nova teoria:
- Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada. Hm... Faz sentido.
Leva seu copo de cachaça até a boca. Forte, exatamente como ele gosta. Batendo o copo na mesa, faz a sua caricata careta.
- Alô! – Eis que chega Sir Isaac Newton. – O que está fazendo, Al?
- Matando o tempo...
Newton ajeita-se na cadeira e vira-se acenando sorridente para o garçom. O garçom fecha os olhos e sorri em sinal de já saber o que ele quer.
- O tempo é uma ilusão produzida pelos nossos estados de consciência, à medida que caminhamos através da duração eterna. – diz.
Einstein fuma seu cachimbo fitando-o, pensativo, até retrucar sorridente e satisfeito:
- A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente. Se minha Teoria da Relatividade estiver correta, - e diz isso com o bucal do cachimbo para Newton - a Alemanha dirá que sou alemão e a França me declarará um cidadão do mundo. Mas, se não estiver, a França dirá que sou alemão e os alemães dirão que sou judeu.
O whisky chega. Newton, com uma risada quicada e com o copo sendo levado a boca responde fitando o amigo:
- Eu consigo calcular o movimento dos corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas.
E bebe um gole.
O garçom aparece com seu pano para limpar a mesa. Nesse momento, Einstein dá mais uma pitada em seu cachimbo, e Newton abre as pernas e cruza seus braços para poder relaxar. O silêncio preenchia o espaço. O garçom estava terminando e, sabiamente, pediu licença para falar:
- Com todo o respeito e não querendo me meter, de homem a homem verdadeiro, o caminho passa pelo homem louco.
Einstein e Newton mantêm suas poses, apenas olham para o garçom como se não esperassem por essa. E realmente não esperavam. Com os dentes mantendo o cachimbo nos lábios, Einstein pergunta pensativo e reticente:
- Bela frase... Perdão, mas quem é você?
E colocando o pano sobre o ombro direito, sorridente, o garçom responde:
- Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo.
O silêncio reinou novamente entre os três.
- Mais uma cachaça, senhor?
- Ah, sim...Por favor!
Einstein sorri. O garçom responde com outro sorriso, mais abrangente, mais puro, mais sorridente. Dá meia volta e some atrás do galpão para pegar a garrafa para poder servir o cientista. Newton ficara em silêncio olhando para o copo e, acompanhando sua circunferência úmida com o dedo indicador. Suspira, sorri e...:
- O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.
Einstein novamente sorri olhando para seu amigo sobre seus óculos fundo de garrafa.
- A mente que se abre a uma nova idéia, meu amigo, jamais voltará ao seu tamanho original... – seus olhos desencontram-se dos de Newton e sobem mais um pouco - Ah! Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito! É o Frederico que vem vindo!
Com seus passos pesados, panturrilhas de pedra, sapatos de chumbo e todo o peso do conhecimento (ou da tentativa de tentar alcançá-lo plenamente), o forasteiro para uns metros depois de entrar no bar e abre os braços aos prantos:
- E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música! Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nenhuma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada... Por uma gargalhada!
- É o Nietzsche quem chegou? –Newton se vira para responder a sua pergunta retórica.
A gargalhada soou da boca de Einstein, só cessando quando o ataque de tosse começara.
- Esse cachimbo ainda vai te matar. – abaixando a cabeça e olhando penetrantemente para Einstein, como se estivesse conseguindo ver o tumor no pulmão, Nietzsche profere.
- Bobagem! Temos o destino que merecemos. Nosso destino está de acordo com os nossos méritos. Tu que tens que te cuidar com esse cancro no cérebro.
- O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.
- Ora, isso é perfeito! Um filósofo falando tais palavras. Afinal, a verdadeira filosofia nada mais é que o estudo da morte, não é mesmo? – diz Newton.
Não houve resposta para tal pergunta, visto que o garçom chegara sempre sorridente com a garrafa de cachaça para Einstein. Com seus óculos na ponta do nariz, o careca garçom serve delicadamente e cirurgicamente a bebida no copo. Nenhuma gota foi desperdiçada. Einstein inclina-se para o copo olhando-o bem de perto com seus óculos também na ponta do nariz:
- Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio e... –pausa dramática para encolher seus ombros e mostrar as palmas para o copo, como se esperasse que ele batesse sua mão. -... e eis que a verdade se me revela!
Todos admiram o único gole que seca o copo e o som da batida deste na mesa. A careta mostrando a língua é sempre a conseqüência esperada de Einstein perante tal estímulo.
- A tradição é a personalidade dos imbecis. - sentencia.
O garçom traz uma cadeira para Nietzsche acompanhar seus amigos e pergunta o que ele gostaria de beber, este agradece e senta-se. Agradece novamente e diz não ter trazido dinheiro para gastar.
- Eu posso acrescentar na tua continha, meu amigo.
- Não! – e volta-se com olhos saltando às órbitas - É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação... Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez... A si próprio?
Matheus I. Mazzochi
terça-feira, outubro 11
O Anti Herói
Mais uma noite de Lua no céu.
Crescente.
Sorrindo para toda a gente.
E Raul Luar sai do bordel.
Sai com seu violão em mão.
Comprara parcelado,
Aproveitara a promoção.
- Agora, serei lembrado!
Pobre cristão...
Vai para um bar como um muçulmano à Meca.
Conhece todos, e todos o conhecem.
Toma um copo, toca um acorde, peca.
Em seus versos, todos se reconhecem.
- Hei, Luar, empresta um pouco
Para podermos tocar?
- Não posso, meu amigo,
Nem terminei de pagar.
segunda-feira, outubro 10
Eu só queria te ver.
Depois de ter acordado junto com o Sol,
Depois de obedecer aos chefes fedendo à formol,
Eu só queria te ver.
Ouvir tua voz, tua melodia.
Depois dos estresses intensos da Free Way,
Depois de imaginar as pessoas que matei,
Eu só queria saber.
Conversar contigo, saber do teu dia.
Consegui sair com uma hora de antecedência.
Voltei para a cidade morrendo de carência.
Fiz uma ligação esperando ouvir um sim.
Não pedi que tu te arrumasse,
Nem pedi que te perfumasse,
Só pedi que abrisse a porta para mim.
Matheus I. Mazzochi
Depois de obedecer aos chefes fedendo à formol,
Eu só queria te ver.
Ouvir tua voz, tua melodia.
Depois dos estresses intensos da Free Way,
Depois de imaginar as pessoas que matei,
Eu só queria saber.
Conversar contigo, saber do teu dia.
Consegui sair com uma hora de antecedência.
Voltei para a cidade morrendo de carência.
Fiz uma ligação esperando ouvir um sim.
Não pedi que tu te arrumasse,
Nem pedi que te perfumasse,
Só pedi que abrisse a porta para mim.
Matheus I. Mazzochi
domingo, outubro 9
Um tapa na cara
Raul Luar era um poeta apaixonado
Que se viu no espelho e ficou encantado.
Pegou lápis e papel e fez poesia.
Arrancou a folha e deu-a para quem queria.
- Oh! Que lindos, Raul, esses versos que você me deu!
Disse encantada a doce Elenara.
- Agora vais me dar o que mereço eu?
E recebeu, bem dado, um tapa na cara.
Matheus I. Mazzochi
Que se viu no espelho e ficou encantado.
Pegou lápis e papel e fez poesia.
Arrancou a folha e deu-a para quem queria.
- Oh! Que lindos, Raul, esses versos que você me deu!
Disse encantada a doce Elenara.
- Agora vais me dar o que mereço eu?
E recebeu, bem dado, um tapa na cara.
Matheus I. Mazzochi
sábado, outubro 8
Coping
Chega de virar para o lado e dar de cara com o muro.
Chega de tropeçar quando atravesso a rua.
Chega de escorregar e pisar em falso em um degrau ao descê-lo.
Chega de fechar a porta do carro e notar que o cinto de segurança ficou pro lado de fora.
Chega de quando chegar ao elevador, ele, misteriosamente, mudar de andar.
Chega de não ter moedas necessárias para a passagem.
Chega de pegar o ônibus errado.
Chega de esquecer de ler tal artigo ou de fazer tal resenha.
Chega de atos falhos ou autos enganos.
Chega de sair com o guarda-chuva num dia de sol e não chover.
[Ou de sair sem e presenciar o dilúvio]...
Não quero mais tomar banho de esgoto pelos carros que passam por mim na chuva.
Não quero mais ser assaltado por pessoas que querem ir visitar a família em Guaíba.
Não quero mais me preocupar com coisas mundanas e superficiais.
Não quero mais saber da vida de quem já partiu.
Não quero mais saber das normas que limitam a criatividade ao se escrever um artigo.
Não quero mais saber dos desejos fúteis de pessoas invisíveis.
Não quero mais saber se vão engravidar ou não.
Não quero mais saber da vida, se não for ser vivida com paixão.
Chega! Não quero mais saber.
Matheus I. Mazzochi
sexta-feira, outubro 7
Ao vencedor, ...
Com os ombros encolhidos,
Como um pássaro com frio,
Ele anda por aí cansado.
Mostrando, nitidamente, que está pressionado.
Suspirando fôlegos contados,
Sintoma dos condenados,
Chega em casa rastejando,
Um escravo dos dias terminados.
A porta bate atrás,
A chave cai.
"Mais um dia. - geme o rapaz-
Até onde isso vai?"
A meditação é inútil.
Reclamar virou fútil.
Fechar os olhos é ver o que se tem para fazer.
Nenhum ser humano pode isso merecer.
O aprendiz, buscando o conhecimento,
Escala a montanha cheio de peso.
Não passa por tanto sofrimento.
Mesmo não chegando ao topo ileso.
Suas virtudes não mais importam.
Seus chefes não as notam.
Mesmo assim, ele insiste.
Mesmo ficando triste.
A cama...
Tão desejada quanto a dama,
O faz transcender, o faz esquecer.
E o sexo?
- Amor, hoje não...
- Ajuda a relaxar.
- É em vão.
E então?
Agora relaxado,
Vira pro lado.
Não há carinho,
Ficou mais cansado.
Depois de tudo que passou...
Depois de ver o que conquistou...
Depois do depois que o mudou...
Nada importou.
Depois do drama,
Ele dorme.
Ele sonha.
Ele foge.
Ele evita.
Ele acorda...
Acorda e vai para a vida.
Acorda e dá a partida.
"Vai trabalhar, vagabundo,
Vai trabalhar, criatura..."
Acorda!
Pega a corda.
Ajeita o nó no pescoço,
Poe o blazer.
Pega o chapéu, os óculos escuros:
"Tenho uma vida para tocar.
- Reflete-
Pois bem... Vou
me
en
for
c
a
r
.
.
.
"
Matheus I. Mazzochi
Como um pássaro com frio,
Ele anda por aí cansado.
Mostrando, nitidamente, que está pressionado.
Suspirando fôlegos contados,
Sintoma dos condenados,
Chega em casa rastejando,
Um escravo dos dias terminados.
A porta bate atrás,
A chave cai.
"Mais um dia. - geme o rapaz-
Até onde isso vai?"
A meditação é inútil.
Reclamar virou fútil.
Fechar os olhos é ver o que se tem para fazer.
Nenhum ser humano pode isso merecer.
O aprendiz, buscando o conhecimento,
Escala a montanha cheio de peso.
Não passa por tanto sofrimento.
Mesmo não chegando ao topo ileso.
Suas virtudes não mais importam.
Seus chefes não as notam.
Mesmo assim, ele insiste.
Mesmo ficando triste.
A cama...
Tão desejada quanto a dama,
O faz transcender, o faz esquecer.
E o sexo?
- Amor, hoje não...
- Ajuda a relaxar.
- É em vão.
E então?
Agora relaxado,
Vira pro lado.
Não há carinho,
Ficou mais cansado.
Depois de tudo que passou...
Depois de ver o que conquistou...
Depois do depois que o mudou...
Nada importou.
Depois do drama,
Ele dorme.
Ele sonha.
Ele foge.
Ele evita.
Ele acorda...
Acorda e vai para a vida.
Acorda e dá a partida.
"Vai trabalhar, vagabundo,
Vai trabalhar, criatura..."
Acorda!
Pega a corda.
Ajeita o nó no pescoço,
Poe o blazer.
Pega o chapéu, os óculos escuros:
"Tenho uma vida para tocar.
- Reflete-
Pois bem... Vou
me
en
for
c
a
r
.
.
.
"
Matheus I. Mazzochi
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